quarta-feira, abril 12, 2006

Uma história pobremática



Zimbilim nasceu pobre, e aprendeu desde cedo que pobre vive cheio de pobrema. Tem pobrema quando acorda, pois o leite que sobra nas embalagens longa vida só tem longa vida na geladeira de rico. Na de pobre fica azedo logo, porque pobre não tem geladeira, tem pobrema. Mas o dia continua. A mãe de Zimbilim, em sua língua nativa, "casou treis veis, teve seti fio ómi e quatro minina", das quais duas foram morar com papai do céu pois já tinham pobrema antes mesmo de nascer. Ela não come pão, duro como o chão, pois tem mais filhos do que dentes e o alimento faz mió para os fio do que para ela, mesmo porque em seu estômago qualquer grama de qualquer coiso já satifaz. O pai de Zimbilim levou três pipoco nas idéia e caiu duro de olho aberto. Era traficante, disseram os ómi. É trabaiadô, seu moço, pai di família e tudo. E agora, como fica? Arranja outro que tu gosta, disse os ómi. Ela logo achou outro, mas o pobrema do outro é que ele gostava por dimais das outras. E dá-lhe paulada na mãe e nos fio da mãe de Zimbilim. Pobrema dos grandes dessa vez. Se marido bêbado já é pobrema, pinguço e safado, então, vixe maria! E lá foi a mãe de Zimbilim chamar os ómi de novo. E lá foi pro pau seu décimo quinto homem, com alguns pipocos na testa. Ih, espirrou no sofá, disse um dos ómi. Num tem pobrema, seu moço, até que combina com a estampa, você não acha? Encarando a pergunta como uma cantada, o ómi acariciou os bigodes e passou o pistolão na mãe de Zimbilim. Bolinélson deve chegar ao mundo no próximo mês. Isso, claro, se não tiver pobrema.

2 comentários:

Unknown disse...

História originalmente publicada no Meditabundas (www.meditabundas.blogspot.com)

Carolina disse...

Triste.